A rachadura na rua e a fachada monolítica de um edifício sem terminar, ou já em ruínas, são monumentos de uma sombra do futuro, que imaginamos brilhando utopicamente como satisfação absoluta. O respiro depois de terminar um árduo trabalho, uma chegada messiânica.
E se a promessa não se cumpre, o futuro ainda não chegou? Seguimos com esperança – a única coisa que sabemos que irá sobreviver; a nostalgia, nosso legado.
Dentro da abstração do poder das instituições, os bonecos de papel, que são nossos políticos, já não possuem planos além de seguir um presente que devora o passado e estrangula o futuro.
Vivemos em frases pré-fabricadas, um mar de cópias sem origem, cada pensamento, um eco. Isso o que vives, insistem, isso (sentes o sabor oxidado nos cantos da boca?) é tudo o que existe, tudo o que poderia existir. De que maneira podemos nos desdobrar para escapar?
A arte aqui, em pedra ou luzes em uma tela, não promete oferecer nada. O reflexo que buscamos só reafirma o que já acreditamos saber – a ilusão de estabilidade. Nada nunca nos é suficientemente insuficiente. Nosso Apocalipse é lento e mudo.
(texto curatorial de John Lundberg)
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